segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um rato, outro rato e o queijo. (Em principio)



Dois ratos sob a luz do luar
Não, não. Apenas amigos. E quase não mais isso.
Estavam horas a observar uma fábrica de queijo. Sabe como ratos gostam de queijo, né.
De qualquer modo, a principio bolariam um plano para adentrar a tal fábrica juntos e fartar-se juntos.
“Felicidade só é real quando compartilhada”, diziam os mais sábios. “Vão lá!”
Assunto vai, assunto vem e alguns assuntos saem. E eles se esqueceram daquele pequeno detalhe.
Agora era rato contra rato. Dente por dente, cauda por cauda.
Os pequenos murídeos tornaram-se obcecados pelo maldito queijo.
E mataram muitos outros ratinhos para chegar lá.
E manipularam ratinhos amigos para chegar lá.
E fizeram joguinhos de poder para chegar lá.
E fizeram filmes sobre chegar lá.
E assustaram muitos ratinhos.
E dividiram ratinhos que nada tinham a ver com isso.
No fim das contas, o esgoto já não era mais o mesmo.
Não cheirava a merda e urina como os velhos tempos.
As baratinhas que por ali transitavam já não curtiam mais aqueles lados.

Felizmente (pra não dizer que foi em vão) os dois ratinhos chegaram lá.
Sim, juntos. Mas sem querer. Adentraram pelos dutos certos, encontraram os canos mais prováveis e acabaram chegando lá ao mesmo tempo. Era finalmente o tão esperado êxtase:
QUEIJO QUEIJO QUEIJO
Aquela beleza amarela e suculenta. Estariam fartos. Todo o queijo que pudessem comer, e depois ainda manipular seus comparsas para levar os queijos para o esgoto, sob seu monopólio.
Espírito de porco e mente de homem, pouco de si mesmo.
Poder, isso resume bem a coisa. Queijo era personificação do poder.
Havia pouco cheiro e pouco amarelo, fato.
Havia pouco ar, sim. Mas estar lá já era um grande frisson. Excitação lacticínia.
Portanto, continuaram mantendo as esperanças, procurando.
Aos poucos as patas voltaram ao chão. De leve a ilusão consumava.
Não queriam admitir que o próximo passo, indesejado e recusado
Era o fracasso.
Precisavam daquele precioso queijo. Principalmente os mofados, apodrecidos.
Mas nada tinha ali. A fabrica há muito havia sido abandonada.
...
Lá ficaram os ratos. Passaram o resto de sua inútil existência lá.
Apodrecendo, como queijo.
Porque no fim, não havia vida, não havia nada lá.
Lá, onde queriam estar.
Eram só caixas vazias. Era vácuo, poeira e nada.
.....................................Até me lembra da lua,

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