segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nada pra fazer.

Não sei, ultimamente tenho enfiado minha cabeça na geladeira, só pra respirar um ar gelado.
É curioso, esse dias dancei o twist de samba-canção, na sala-de-estar
Não tenho nada pra fazer.
Ligo a TV e assisto sobre as ocorrências da ecônomia, e critico os bolsistas como critíco goleiros
Isso que nem gosto de futebol.
Rodei o centro, farejando lojas de bugigangas, pedindo por um patinho de borracha
Daqueles amarelos, pra ter um banho à la desenhos antigos.
Não tenho nada pra fazer, mesmo.
Sufoquei minha bunda no sofá o dia inteiro, exercitando os dedos.
Mijei sentado porque estava cansado.
Trilhei caminho à cozinha, esquentei uma pizza. Mas não queria realmente comer, só ter algo pra fazer.
Dei pro cachorro comer.
Decidi conhecer um pouco mais de ópera.
Abri o whisky, botei o disco pra girar, subi no telhado. Noite estrelada.
Bebendo do gargalo, as luzes dos postes lá embaixo viraram isqueiros
Assim como nos shows, nas músicas calmas.
Me vi de smoking. Eu era o artista, o telhado era meu palco.
E a platéia? O mundo. O bairro, até onde minha vista alcançava.
As favelas nos morros que circundavam, eram os camarotes, ironicamente.
Ópera em sua maioria pode ser muito dramática. Precisava fazer jus a todos.
Cantando no meu microfone Old Eight, lanço-me ao deleito do meu público.
Dou-lhes um final merecido, esperado. Que, em agonia, todos aguardavam.
Eram os momentos pré-gozo, e então o orgasmo.
Me jogo aos clichês de Shakespeare, que pouco tem a ver com a ópera que ouvia.
Sinto meu corpo caindo, a gravidade agindo, acelerando à medida que caía, como ensinaram muito antes nas aulas de física.
Chego ao chão. Nada.
Lembro que mandei construir um deck logo abaixo do telhado.
A queda é ridicula. O suficiente pra foder meu pescoço e minha perna.
Não o bastante para o que estava no roteiro.
Mijo nas calças e espero alguém me tirar de lá.

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