O príncipe e a bruxa nos campos da nostalgia.

Era uma vez um príncipe, Luciano, o mais canalha e bem vistoso daqueles lados
Ele já havia traçado todas as garotinhas de todos os condados
E seus pais, exigentes, estavam ficando cansados.
O príncipe precisava encontrar um único amor para partilhar de tantas terras
Mas de todas que traçou, não gostava tanto assim de nenhuma delas
Delas o príncipe arrasou o coração
Dando esperanças a todas aquelas ninfetinhas renascentistas
Que aguardavam sua coroação.

E era por volta de 1600 que trouxeram das Américas o que chamariam de bruxa
Vinda do império Maia, ela fazia a justiça
E ouviu falar daquele que carregava a coroa postiça
Decidiu que era boa hora do príncipe se ajeitar
Um feitiço fez, e o cachorro se ajeitou de vez
E finalmente encontrou alguém com quem pudesse partilhar tanta riqueza
Perambularam por cada metro quadrado que lhe pertencia
Mas mal sabem vocês o quão bruxólico era o feitiço da mais nova princesa
Tudo que fizeram, em cada lugar que foram, o príncipe jamais esqueceria
No fim das contas, não havia esquina que pudesse ser cruzada sem terminar em lágrimas

Pois não importava onde ele fosse, sempre haveria de lembrar-se daquela garota
A número um.
A única, de tantas, que o jogou fora
Cada jardim estava marcado com o gozo do amor
Que um dia se consumou

Viveu o resto de sua existência trancado em casa, abandonado.
Sabia que havia feito tudo errado, que seu coração era fechado.
Soube que havia sido enfeitiçado.
Todavia, a bruxa, que fora morta, nunca teve a chance de contar ao coitado
Que o feitiço em fato nunca havia funcionado.