terça-feira, 23 de março de 2010

A Garota do Cabelo Vermelho


Ela vem em seus trejeitos perfeitos (que eu desconheço)
Sem nome, sem telefone. Vem e some.
Satisfazendo os fetiches de um piromaniaco compulsivo.

Corto-me os braços e o peito só pra ver o sangue escorrer
Ateio fogo em pedaços de respeito por prazer de ver o fogo ferver.
O vermelho me consome; o vermelho me chama.

Enquanto dramatizo perder-me no circulo de fogo, ela segue desfilando sob corações partidos. Diva.
Piso em brasa, como sempre.

Mas não é que o julgamento às vezes sai do papel?
Ordinário dia era aquele, que me deparou com aquele nome nas páginas amarelas
E era como todos os outros os dias, quando o fogo pareceu acabar.
E acabou...
Descobrindo cada defeito, cada futilidade e cada preconceito.
Mas eram todos tão reais.
Cada aspecto tão estranho, ou talvez normal demais
Curiosidades, a voz, o jeito. Humanos, imperfeitos.
Teria o encanto se perdido? Era o que minha intoxicada consciência contava.

Mas não é que, de fato, não estou sempre certo?
O fogo começou como um cigarro aceso, mal aceso.
E foi com os pés no chão que aquele cigarro perdeu controle e transformou-se novamente numa chama grande, queimando todas as seqüelas de um passado condenável.
E foi sem fantasia e nenhuma ilusão, sem entorpecentes, e acompanhado de um futuro são que o real me conquistou.
Um chute psicológico no saco, o encanto tomou forma mais rapidamente do que eu esperava.
Fiquei com um pé atrás, onde ainda tinha controle de quem sou.
Mas o futuro tem pressa, e me puxou pelo braço pra começar a dança.

De platônica, virou real
De deusa, virou mortal.
A garota de cabelo vermelho agora tem nome. [e a cor do cabelo já não importa mais]

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