segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Câncer (ou Pizza, aspirina e outras lobotomias)

Esse aborto de frango
dá Bom dia congelado, incolor
Com aroma caricato ao real.

-Enfia a agulha na buceta, senhora
Vamô fazer esse aborto nascer forte
embalado, conformado, anestesiado
Todo picado de nossas agulhas, senhora
Numa overdose de hormonios e sedativos:
A morte sido.
Esse remendo de laboratório
Para as eventuais dores de cabeça
Que causa aturar tanta merda.

-Essas pequenas cápsulas de fumaça
Que vocês nos empurram
E toda a cafeína que sempre casa feliz
Com só mais um cigarrinho
Aspirina e bombril tá tão barato
Eu quero tanto, eu não sei porque
Eu sei que eu preciso disso.
Mesmo a realidade forjada
Ainda é nostra realidade
Mas segue a súplica,
Pior que as correntes de ferro enferrujado
Que marcam a pele pra todo mundo ver
(e a alma pra você esconder)
É a que aperta sem deixar marcas.
E o câncer está nesse determinado segmento
da linha histórica,
e não nas pessoas.

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